A OpenAI desativou as sugestões de aplicativos no ChatGPT depois que usuários compararam o conteúdo com publicidade. As recomendações direcionavam para apps integrados de empresas, como Peloton e Target, por exemplo, mesmo durante conversas sobre temas não relacionados.
A medida foi tomada após diversos usuários compartilharem capturas de tela mostrando mensagens promocionais que apareciam abaixo das conversas com o chatbot. Conforme reportado pelo The Verge, essas mensagens incentivavam os usuários a “encontrar uma aula de ginástica” ou “comprar itens para casa”, mesmo quando dialogavam sobre assuntos completamente diferentes.
Falha na implementação e promessa de melhorias
Mark Chen, chefe de pesquisa da OpenAI, reconheceu problemas na implementação dessas sugestões. “Concordo que qualquer coisa que pareça um anúncio precisa ser tratada com cuidado, e nós falhamos nesse aspecto”, afirmou o diretor. Ele também mencionou que a empresa está trabalhando em soluções para oferecer mais controle aos usuários: “estamos buscando controles melhores para que você possa diminuir ou desativar esse tipo de conteúdo, caso não o considere útil”.
As promoções afetaram inclusive os assinantes dos planos pagos do ChatGPT. A frustração dos usuários não se limitou à aparência publicitária das mensagens, mas também à falta de relevância contextual nas conversas.
Explicações contraditórias sobre a natureza das sugestões
Na semana passada, um porta-voz da OpenAI explicou ao TechCrunch que essas mensagens faziam parte de testes para exibir aplicativos no ChatGPT. De acordo com ele, a iniciativa estava alinhada com planos anunciados em outubro para “sugerir aplicativos quando forem relevantes para a conversa”.
Daniel McAuley, engenheiro de dados da OpenAI, defendeu em resposta a uma reclamação no X que as mensagens promocionais não constituíam anúncios porque “não há componente financeiro”. Entretanto, ele admitiu que a “falta de relevância torna a experiência ruim/confusa”.
Em outra publicação, McAuley explicou que as mensagens foram projetadas para impulsionar a descoberta orgânica de aplicativos parceiros dentro do ChatGPT.
Pressão financeira e monetização
A OpenAI enfrenta significativa pressão financeira atualmente. A receita anualizada da empresa alcançou US$ 12 bilhões neste verão. Porém, as projeções indicam que a companhia gastará US$ 115 bilhões até 2029. A organização também se comprometeu a investir mais de US$ 1 trilhão no desenvolvimento de um sistema de IA superinteligente.
As principais fontes de receita da OpenAI são licenças de API e assinaturas de usuários. Dados do Financial Times de outubro revelam que apenas 5% dos 800 milhões de usuários do ChatGPT pagam pelo serviço.
Posicionamento sobre publicidade na plataforma
A empresa ainda não esclareceu se está removendo todas as sugestões de aplicativos no ChatGPT ou apenas algumas delas, pois optou por não responder aos pedidos de esclarecimento.
Nick Turley, chefe do ChatGPT, negou que a empresa esteja testando anúncios na plataforma. Ele afirmou que “não há testes ao vivo para anúncios” no serviço e que “quaisquer capturas de tela que vocês viram ou não são reais ou não são anúncios”. Contudo, Turley não especificou quais das mensagens promocionais compartilhadas seriam falsas.
Em entrevista anterior à Decoder, Turley não descartou completamente a possibilidade de introduzir publicidade no futuro, mas reconheceu que a OpenAI precisaria ser “muito cuidadosa e de bom gosto” nesse sentido. O CEO da OpenAI, Sam Altman, também já declarou que “não é totalmente contra” a introdução de anúncios no ChatGPT.
A controvérsia acontece em um momento em que a OpenAI enfrenta crescente pressão competitiva no mercado de IA. A empresa declarou “alerta máximo” na semana passada em resposta à concorrência de empresas como Anthropic e Google. Este último já iniciou testes com anúncios em seu Modo IA da Busca.
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